Perguntas feitas em sala (2º período)

Olá, Alunos.

A pedidos, deixo aqui as questões feitas na aula retrasada.

Abraços.

  1. Antonio Candido faz a seguinte afirmação em Iniciação à literatura brasileira. Comente essa afirmação com base nas leituras e nas discussões feitas em sala de aula:

 

A sociedade colonial brasileira não foi, portanto (como teria preferido que fosse certa imaginação romântica nacionalista), um prolongamento das culturas locais, mais ou menos destruídas. Foi transposição das leis, dos costumes, do equipamento espiritual das metrópoles. A partir dessa diferença de ritmos de vida e de modalidades culturais formou-se a sociedade brasileira, que viveu desde cedo a difícil situação de contato entre formas primitivas e formas avançadas, vida rude e vida requintada. Assim, a literatura não nasceu aqui: veio pronta de fora para transformar-se à medida que se formava uma sociedade nova. (CANDIDO, Antonio. Introdução à literatura Brasileira, p. 12)

 

  1. Faça um breve comentário sobre a afirmação de Alfredo Bosi no capítulo inicial de Dialética da colonização, baseando-se nas discussões feitas em sala e relacionando-a à leitura do Auto de São Lourenço, de Anchieta:

 

A transposição para  o Novo Mundo de padrões de comportamento e linguagem deu resultados díspares. À primeira vista, a cultura letrada parece repetir, sem alternativa, o modelo europeu; mas, posta em situação, em face do índio, ela é estimulada, para não dizer constrangida, a inventar. (BOSI, Alfredo. Colônia, culto e cultura, p. 31)

 

  1. Leia o poema abaixo, de Gregório de Matos, e estabeleça um comentário baseado na leitura do texto de Bosi sobre a literatura do autor:

 

À cidade da Bahia

Triste Bahia! oh! quão dessemelhante

Estás e estou do nosso antigo estado!

Pobre te vejo a ti, tu a mim empenhado,

Rica te vi eu já, tu a mim abundante.

 

A ti trocou-te a máquina mercante,

Que em tua larga barra tem entrado,

A mim foi-me trocando e tem trocado

Tanto negócio e tanto negociante.

 

 

 

Deste em dar tanto açúcar excelente

Pelas drogas inúteis, que abelhuda

Simples aceitas do sagaz Brichote.

 

Oh! Se quisera Deus que, de repente

Um dia amanheceras tão sisuda

Que fora de algodão o teu capote!

 

 

 

 

 

Alunos 2º período – URGENTE

Olá, Alunos.

Como combinado, posto aqui os nomes dos alunos cujos comentários ou aparecem no blog ou foram enviados no meu e-mail (como exceção). Peço que verifiquem se há duas marcas ao lado do seu nome, uma laranja, para o comentário do trabalho em grupo, e uma verde, para o comentário individual sobre o Anchieta. Fiquem atentos que o último dia para postar seu comentário, ou enviá-lo por e-mail, caso você realmente não consiga postá-lo aqui, é dia 27/Outubro. Qualquer trabalho recebido depois dessa data será desconsiderado.

Abraços

Thais

Materiais para 6º período

Olá, Alunos!

Seguem abaixo os materiais para nossas últimas aulas. O primeiro é o livro Manuelzão e Miguilim, que contém o conto “Campo Geral”, de Guimarães Rosa (embora eu tenha deixado fora da lista obrigatória da manhã, estou colocando de volta, mesmo que a gente só consiga discuti-lo depois da prova). O segundo é o Pode o subalterno falar, leitura obrigatória que será cobrada na prova tanto da manhã quanto da noite. E o terceiro é o Dialética da marginalidade, que não será cobrado, mas cuja leitura eu recomento para melhor compreensão do fechamento do curso. Deixo também aqui o conto O cobrador, do Rubem Fonseca. Abraço

Thais

João Guimarães Rosa – Manuelzão e Miguilim

146436638-Gayatri-Spivak-Pode-o-Subalterno-Falar

dialética da marginalidade

O Cobrador

Manifestos Oswald – 4º período

Olá, Alunos!

Seguem abaixo os manifestos escritos pelo Oswald de Andrade, o Manifesto da Poesia Pau-Brasil e o Manifesto Antropófago. Gostaria que vocês fizessem essas duas leituras para quinta-feira, dia 19/Out.

manifesto pau-brasil e antropofágico

Abraços

Thais

19/10: Alunos, na aula de hoje, utilizarei como auxílio e complementação teóricas: 1. a versão comentada do Manifesto Antropófago, que vocês encontram nesse link: COMENTÁRIO; 2. um texto do Caetano Veloso sobre o legado do Oswald e sua influência na poesia e na música brasileira: Pau-Brasil, Antropofagia, Tropicalismo e Afins

Questões Anchieta (2º período)

TEMA

Após a cena do martírio de São Lourenço, Guaixará chama Aimbirê e Saravaia para ajudarem a perverter a aldeia. São Lourenço a defende, São Sebastião prende os demônios. Um anjo manda-os sufocarem Décio e Valeriano. Quatro companheiros acorrem para auxiliar os demônios. Os imperadores recordam façanhas, quando Aimbirê se aproxima. O calor que se desprende dele abrasa os imperadores, que suplicam a morte. O Anjo, o Temor de Deus, e o Amor de Deus aconselham a caridade, contrição e confiança em São Lourenço. Faz-se o enterro do santo. Meninos índios dançam.

 

(…)

SEGUNDO ATO

(Eram três diabos que querem destruir a aldeia com pecados, aos quais resistem São Lourenço, São Sebastião e o Anjo da Guarda, livrando a aldeia e prendendo os tentadores cujos nomes são: Guaixará, que é o rei; Aimbirê e Saravaia, seus criados)

 

GUAIXARÁ

Esta virtude estrangeira

Me irrita sobremaneira.

Quem a teria trazido,

com seus hábitos polidos

estragando a terra inteira?

 

Só eu

permaneço nesta aldeia

como chefe guardião.

Minha lei é a inspiração

que lhe dou, daqui vou longe

visitar outro torrão.

 

Quem é forte como eu?

Como eu, conceituado?

Sou diabo bem assado.

A fama me precedeu;

Guaixará sou chamado.

 

Meu sistema é o bem viver.

Que não seja constrangido

o prazer, nem abolido.

Quero as tabas acender

com meu fogo preferido

 

Boa medida é beber

cauim até vomitar.

Isto é jeito de gozar

a vida, e se recomenda

a quem queira aproveitar.

 

A moçada beberrona

trago bem conceituada.

Valente é quem se embriaga

e todo o cauim entorna,

e à luta então se consagra.

 

Quem bom costume é bailar!

Adornar-se, andar pintado,

tingir pernas, empenado

fumar e curandeirar,

andar de negro pintado.

 

Andar matando de fúria,

amancebar-se, comer

um ao outro, e ainda ser

espião, prender Tapuia,

desonesto a honra perder.

 

Para isso

com os índios convivi.

Vêm os tais padres agora

com regras fora de hora

prá que duvidem de mim.

 

Lei de Deus que não vigora.

Pois aqui

tem meu ajudante-mor,

diabo bem requeimado,

meu bom colaborador:

grande Aimberê, perversor

dos homens, regimentado.

 

(Senta-se numa cadeira e vem uma velha chorar junto dele. E ele a ajuda, como fazem osíndios. Depois de chorar, achando-se enganada, diz a velha)

 

VELHA

O diabo mal cheiroso,

teu mau cheiro me enfastia.

Se vivesse o meu esposo,

meu pobre Piracaê,

isso agora eu lhe diria.

 

Não prestas, és mau diabo.

Que bebas, não deixarei

do cauim que eu mastiguei.

Beberei tudo sozinha,

até cair beberei.

 

(a velha foge)

 

GUAIXARÁ

(Chama Aimberê e diz:)

Ei, por onde andavas tu?

Dormias noutro lugar?

 

AIMBIRÊ

Fui as Tabas vigiar,

nas serras de norte a sul

nosso povo visitar.

Ao me ver regozijaram,

bebemos dias inteiros.

 

Adornaram-se festeiros.

Me abraçaram , me hospedaram,

das leis de deus estrangeiros.

 

Enfim, confraternizamos.

Ao ver seu comportamento,

tranqüilizei-me. Ó portento!

Vícios de todos os ramos

tem seus corações por dentro.

(…)

 

ANCHIETA, José de. Auto representado na Festa de São Lourenço, Rio de Janeiro: Serviço Nacional de Teatro – Ministério da Educação e Cultura, 1973.

 

 

  1. A partir da leitura do trecho acima, comente a afirmação de Alfredo Bosi sobre a literatura de Anchieta.

 

“A nova representação do sagrado assim produzida já não era nem a teologia cristã nem a crença tupi, mas uma terceira esfera simbólica, uma espécie de mitologia paralela que só a situação colonial tornara possível.” (BOSI, Alfredo.”Anchieta ou as flechas opostas do sagrado”, in Dialética da colonização. São Paulo: Cia das Letras, 2010)

 

  1. Comente como o mal era considerado por Anchieta e explique o propósito dessa caracterização.