Leia atentamente a afirmação de Alfredo Bosi sobre o conto “O espelho”, do livro Papéis avulsos.
“(…) O que diz a narrativa? Que não há nenhuma unidade prévia da alma. A consciência de cada homem vem de fora, mas este”fora” é descontínuo e oscilante, porque descontínua e oscilante é a presença física dos outros, e descontínuo e oscilante o seu apoio. Jacobina só conquistará a sua alma, ou seja, a auto-imagem perdida, quando fizer um só todo com a farda de alferes que o constituiu como tipo. A farda é símbolo e é matéria do status. O eu, investido do papel, pode sobreviver; despojado, perde o pé, dispersa-se, esgarça-se, esfuma-se. Não tem forma, logo não tem unidade. Ter status é existir no mundo em estado sólido.
Mas o conto diz mais. Diz que não basta vestir a farda. É preciso que os outros a vejam e reconheçam como farda. Que haja olhos para admirá-la. O olhar dos outros: o primeiro espelho. (…)”
BOSI, Alfredo. “A máscara e a fenda”. in Machado de Assis: o enigma do olhar. São Paulo: Ed. ática, 2002.
A partir da leitura do trecho acima, explique, em 15 linhas, o título do conto.